Benfica

Lama nas mãos de,

Luís Filipe Vieira manchou o nome de dirigentes federativos que considera ao serviço dos leões. Triste é pensar que Rui Costa e/ou responsáveis de Sporting e FC Porto seriam capazes do mesmo. Lamentável a sina do nosso futebol. ‘Hat trick’ é o espaço de opinião semanal do jornalista Paulo Cunha

Lama é uma mistura de água com materiais sólidos, como terra, argila ou substâncias orgânicas. A definição encontra-se com um simples clique em qualquer motor de busca na internet ou, então, se preferirmos caminhos mais demorados, está à distância de folhear um dicionário por ordem alfabética até à entrada pretendida

O presidente do meu clube disse ‘não votei Pedro Proença, votei no projeto’. O presidente do Conselho de Justiça foi indicado pelo Sporting, o presidente do Conselho de Disciplina é mulher deste. O vice-presidente do Conselho de Disciplina é advogado do Sporting. Rui Caeiro, vice para a arbitragem, foi da Direção de Bruno de Carvalho. José Carlos Oliveira, ex-diretor jurídico no Sporting, é o diretor jurídico na Federação, responsável pelo licenciamento, logo com acesso a todos os contratos dos clubes. E o presidente da Assembleia Geral também é indicado pelo Sporting. É tudo Sporting, é tudo verde», eis excerto da longa entrevista de Luís Filipe Vieira ao Now, na qual deixa no ar que há toupeiras — animal que não lhe trará boas recordações, por ter dado nome a processo que condenou colaborador próximo no Benfica, embora tenha admitido que recebe «telefonemas» internos dignos desses mamíferos roedores, alguns a denunciar «autêntica bandalheira» no clube… — leoninas na Federação Portuguesa de Futebol.

O antigo presidente dos encarnados, putativo candidato à presidência nas eleições de 25 de outubro, mesmo com tempo quente e seco, surgiu nos estúdios daquele canal televisivo com as mãos cheias de lama e uma ventoinha decidido a manchar os dirigentes federativos que citou.

«O Benfica perdeu influência nos órgãos competentes da FPF, da Liga… Influência no bom sentido. O Benfica tem de estar em todos os lugares para comandar», afirmou ainda LFV, decidido a guiar as águias até que estas recuperem o poder de influência — no bom sentido, claro, para utilizar palavras seguramente sinceras do próprio — que considera terem perdido para os leões no reinado de Rui Costa.

Consigo imaginar discurso igual ou semelhante ao de Vieira proferido pelo atual homem do leme do Benfica ou por responsáveis de Sporting e FC Porto se julgarem que dessa forma serão capazes de lançar areia para os olhos dos adeptos.

Desde que tenho consciência de que a bola é redonda, ali por volta do começo da década de 80, quase nunca testemunhei os dois grandes que perdem a dar mérito ao outro que celebra no final. Normalmente, escondem-se atrás de desculpas, as arbitragens o maior dos bodes expiatórios, excelentes na temporada em que ganham, péssimas na seguinte em que perdem, não obstante os juízes serem os mesmos.

A cultura do perdemos por causa do árbitro ou das cores dominantes da Federação não é apenas desonesta, é tóxica. Envenena os adeptos e desvia jogadores e treinadores do essencial, a qualidade, ou falta dela, de jogo. Enquanto o futebol nacional insistir em percorrer caminhos enlameados, continuará a atolar-se nas polémicas rasteirinhas de sempre.

P. S. Sobre as gravíssimas acusações que Luís Filipe Vieira fez a Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, ao líder federativo restam só duas hipóteses, apenas duas — responder ou responder de… viva voz. Caso contrário perderia a face. E como quem cala consente, o antigo árbitro e dirigente máximo da Liga não deverá querer passar a ser apelidado de «cobarde», conforme Vieira o qualificou…

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